domingo, 12 de setembro de 2010

Agora só quero saber de vida

Não do contexto da vida em sí, mas da vida gerada; a que já estava aí antes dos caprichos humanos atuais, da vida natural, plantas, dos cuidados com a vida e com a geração de vida.



É interessante como se operou uma mudança em minha mente a partir do momento que soube que íamos ter um filho, e mais ainda; que, além disso, eu podia dar continuidade a criação e manutenção da vida, por vários meios, ajudando ela a se desenvolver na forma também de minhas plantas, flores, por meio de minha profissão, restituindo a saúde, etc. Nesse meu novo contexto acabei descobrindo os prazeres da perpetuação da vida.


Não existe sensação maior de satisfação e gratificação que ver a vida crescer, a vitória quando ouvimos as batidas cardíacas ou sentimos o primeiro chute. Quando recebemos um agradecimento de quem ajudamos a recuperar a autoestima e saúde através do tratamento e atenção adequados.Quando vemos aquele minúsculo caulezinho que plantamos gerar os primeiros brotos e flores e dar continuidade a eles.




Nada na vida realmente tem valor que não o que conseguimos gerar para dar continuidade e condições a ela.
De um momento para outro passei a priorizar tudo que fosse necessário para atender, cuidar e dar conforto a essas novas forminhas de vida que estamos gerando.
Aí, que vemos como perdemos tempo e dinheiro dando importância a coisas desnecessárias ou fúteis; que já temos de uma forma ou outra, ou que realmente não precisamos, pois são bens excessivos gerados por um meio de produção exagerado, massificado e produzido além da necessidade humana e ainda alimentado e insuflado por uma mídia canibalista. Corremos e desejamos as últimas novidades tecnológicas, da moda, de produtos de beleza, numa sequência incessante de novidades que desperdiçam tecnologia e meios de produção que com certeza poderiam ser melhores aproveitados em benefício de todos.

O que realmente é mais belo?

Mais uma das iguais moças da capa de revista Nova? Talvez a atriz mais badalada do momento, que está no seu auge da beleza convencionada porque recebe muitos recursos para assim se manter; abaixo de cremes e tratamentos produzidos por aqueles que alimentam a mídia? Uma pobre moça-produto, que como exemplo de vida nada pode representar porque em outras capas de revistas já apareceu casando e descasando, brigando, se tratando, solitária, sem filhos; que acabará seus dias sem uma família estável, lamentando a beleza perdida e não tendo gerado nenhum benefício social e humano verdadeiro? Que arrastará várias pobres mulheres numa corrida por uma beleza inalcansável, produzida, “photoshopada”, gerando insatisfações e infelicidade e desarmonia mental.Isso é belo, isso gera benefício e qualidade de vida?

Ou você poderá realmente achar mais belas as mãos de uma nobre senhora, agora idosa, com rugas e sulcos fundos? Mas são mãos que trabalharam, que cuidaram dos seus, que geraram frutos, que colheram, que plantaram, que embalaram e acariciaram filhos e netos, que reprenderam docemente na hora certa , que afagaram nas tristezas e momentos de dor, que abanaram nas despedidas e apertaram calorosamente nos reencontros, que tiveram uma vida cheia de realizações e frutos apesar de não serem belas aos olhos das “convenções”?

Abra um pouco os olhos, só tenha aquilo que você realmente precisa, gere ou dê valor a coisas realmente válidas e que tenham benefícios reais para a perpetuação da vida; plante, cuide e acompanhe o crescimento de um planta, faça alguma boa ação ou trabalho de caridade, são tantos grupos que precisam de atenção . Não se agonie nessa ciranda interminável das necesidades produzidas e jogadas para cima de nós por esse moto contínuo viciante e sem vida da massificação mental e financeira humana.
Existe uma máxima corrente que diz que para a vida valer deve-se plantar uma árvore, fazer um filho e escrever um livro. O filho é uma opção condicionada a diversos fatores, mas as sementes estão aí aos montes para serem plantadas; os livros sempre poderão ser escritos e assuntos desde que válidos não faltarão. Eu estou passando por esta porta, meu amado filho está vindo, minhas árvores e flores estão crescendo e o livro, quem sabe um dia, reunindo tudo o que pensei e vi dessa vida?

3 comentários:

  1. Muito lindo o texto, primo!
    Viva a simplicidade, viva a consciência e a alegria! É tão bom ter o poder de gestar coisas boas e, devagarinho, ir melhorando o mundo, não é?
    Eu também, só quero saber de vida... e do que pode dar certo! Não tenho tempo a perder! ;-)
    Beijos

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  2. A analogia descrita no texto ficou perfeita João. E fico + do q feliz em saber que o filho está chegando ... e, certamente muitas realizações trará à vcs. Há, sem dúvida, muitas e muitas plantinhas a serem cuidadas ... e precisamos pensar nelas. FORA O QUE NÃO DIZ NADA! QUE CONSIGAMOS "FUGIR" UM POUCO DESSE MUNDO CONSUMISTA, SEM GRANDES VALORES e viver uma vida que nos traga, constantemente, MUITO PRAZER ... sempre pensando em deixar algo para as outras gerações. Abraços,

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